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Vão

2017/ 2018

06 luminosos com diferentes desenhos de janelas

[Aperture, 06 backlights with different images of windows]

6 peças / pieces

Por ordem de aparição / in order of appearance

130 x 100 x 15 cm

250 x 116,7 x 15 cm

250 x 91 x 15 cm

95 x 54 x 15 cm

150 x 112,8 x 15 cm

115 x 115 x 15 cm

Projeto / Project

Renato Pera: Vão e Vazão

 

Realização / with the support of

ProAC-ICMS (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo)

Produção / Produced by

Oito Produção e Arte

Exposição / exhibition (Vazão)

Estação São Bento do Metrô de São Paulo, São Paulo, Brasil.

 

Fotos / Photos: Célia Saito e Renato Pera.

Seis desenhos de janelas foram transformados em luminosos e dispostos em diferentes ambientes de numa estação de metrô, em São Paulo. Os desenhos foram elaborados a partir de modelos fotografados em derivas pela cidade e a partir de fontes iconográficas e literárias. As janelas selecionadas foram reconstruídas em programa de modelagem 3D de uso aberto e gratuito, por meio de ferramentas simples que dispensam formação profissional específica.

 

Os luminosos foram realizados por empresa especializada em projetos de cenografia, propaganda e comunicação visual. Foram instalados em diferentes lugares da estação São Bento do Metrô de São Paulo, geralmente no alto de escadas, a primeira vista, espaços de passagem. A primeira vista porque todos os lugares eram provisoriamente povoados pelos mais diversos interesses que não somente o fluxo previsto. Nas escadas fixas casais namoravam, enquanto em um dos acessos à estação vendedores expunham os seus produtos ao mesmo tempo que outras pessoas pediam dinheiro aos passantes. Em outro acesso, o luminoso foi instalado próximo a uma vitrina comercial.

 

Os luminosos tinham formatos e tamanhos irregulares, tanto porque procuravam preservar as dimensões e proporções das referências pesquisadas, quanto porque os desenhos foram dotados de vistas perspectivadas, com pontos de vista não somente frontais, mas, também, laterais e, em alguns casos, um pouco mais elevados, como se vistos de cima. Divergiam sempre da ortogonalidade dos locais onde foram posicionados e dos possíveis pontos de vista que poderiam ser assumidos por qualquer indivíduo.

 

A estação São Bento se divide em cinco níveis (duas plataformas de embarque, uma área aberta com jardim e lojas, e dois mezaninos intermediários), localizados num declive no extremo norte do Vale do Anhangabaú. Conecta o vale tanto com o corpo mais alto e antigo da cidade quanto com a parte baixa da Ladeira Porto Geral e da rua Vinte e Cinco de Março. A planta e os espaços da estação se apresentam intrincados e um tanto labirínticos, atravessados, horizontal e verticalmente, por muitos vãos. Os vãos tem aí a função de promover articulações entre os diferentes níveis do edifício com a sua situação geográfica e paisagística particular. Mas a presença de muitos vãos sobrepostos acabam produzindo perspectivas multiplicadas, espaços fragmentados e inúmeras descontinuidades visuais, espaciais e sonoras, de modo que podem evocar os Cárceres (c. 1761) de Piranesi.

 

A estação São Bento, juntamente com outras estações da linha norte-sul, é projetada por Marcello Accioly Fragelli, e inaugurada em 1975, durante a Ditadura Militar. Está em contato com o “triângulo histórico”, local de fundação e desenvolvimento inicial da cidade de São Paulo. Este dado “arqueológico” orientou a escolha do local para a realização do projeto, enfatizado, também, pelas tipologias de janelas que estão ou já entraram em desuso – basculante, pivotante, projetante e muxarabi, tipo característico dos períodos colonial e imperial, registrado nas fotografias de Militão Augusto de Azevedo (1837-1905) e em relatos de artistas e arquitetos como José Wasth Rodrigues (1891-1957) e Lúcio Costa (1902-1998).

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